quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Paraisópolis tem cerveja artesanal, burger gourmet e gente igual a você

FSP, Marcos Nogueira, 2.dez.2019

Para o paulistano de classe média alta, favela é território proibido. Se o Waze manda entrar numa, é pânico certo. Sem minimizar os riscos reais da criminalidade real que existe nas comunidades, essa fobia distorce a realidade. O cidadão “de bem” pensa na favela como uma incubadora de degenerados.
Essa visão torta ajuda a normalizar absurdos como o ataque da polícia ao baile funk em Paraisópolis (zona sul de São Paulo), que deixou pelo menos 9 jovens mortos na madrugada de domingo.
Não me excluo dessa classe ignorante e contaminada pelo medo. Sem contar as incursões que fiz na minha breve carreira de repórter policial (lá vão quase 30 anos), entrei três vezes em favelas. Todas foram no Rio.
A elite carioca não é melhor nem pior do que a paulistana. Ocorre que a topografia e a ocupação urbana no Rio favorecem o convívio –não tão harmonioso assim– da turma das favelas com o pessoal do asfalto. Não há como ficar longe das favelas em Ipanema, Copacabana, Gávea e outros bairros de gente com grana.
Assim, existe um pequeno trânsito das pessoas desses bairros para conhecer o que há nos morros. Eu fui duas vezes ao bar do Omar, na entrada do Morro do Pinto (zona portuária do Rio). É uma casa festiva que se tornou ponto de encontro de gente de esquerda da cidade toda.
E fui uma vez a um lugar chamado Mirante Rocinha –que fica na Rocinha, como se pode deduzir. Esse é um pouco esquisito. Não por ser em uma favela, mas por ser um bar de playboy incrustrado na favela. Tem pulseirinha de balada para entrar. Drinques coloridos. Culinária gourmet –excelente o pastel de camarão, por sinal.
Em São Paulo, não desci do carro quando o Uber que me levava ao Panambi passou pela avenida Hebe Camargo, na mesma Paraisópolis do massacre de domingo. Vi, pela janela, o movimento dos bares. Um deles anunciava cervejas artesanais. Do alto do meu preconceito, fiquei espantado.
Preciso voltar lá. Paraisópolis é uma cidade dentro da cidade, com uma oferta de serviços que se estabeleceu apesar da ausência do estado. Tem hamburgueria, restaurante nordestino, casa de acarajé. Enquanto não vou lá, reproduzo os verbetes do Guia Prato Firmeza, uma iniciativa muito bacana da Escola de Jornalismo É Nóis –um roteiro de bons lugares para comer na periferia paulistana. O textos foram escritos por Glória Maria e Alexandre Ribeiro.
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Chubiba Bar
Av. Hebe Camargo, 14 – Paraisópolis, São Paulo
Quem passa pela avenida Hebe Camargo, principal via de Paraisópolis, logo repara nas pessoas circulando em suas calçadas, que fazem da avenida um verdadeiro local de lazer e ponto de encontro. Um dos principais points da região para saborear deliciosas refeições é o Chubiba Bar, bar e cozinha que tem trazido o sabor nordestino à comunidade. Luiz Pereira, 45 anos, e Evandro Bezerra, 38, são sócios desde 2016. Juntos, decidiram abrir um bar e servir comida nordestina.
Luiz é cearense, trabalhava como porteiro, mas como sempre gostou de cozinhar, assumiu a parte de fazer os pratos que seus clientes adoram. Evandro, pernambucano, passou a vida toda trabalhando de garçom, outras vezes de ajudante cozinha; como não poderia deixar de ser, ele é o responsável por atender e servir os clientes. Uma das refeições mais pedidas é a tilápia frita inteira, acompanhada de salada e baião de dois, que custa apenas R$ 30. Também há sarapatel por R$ 15 além de outras opções como a galinha caipira temperada com sabor baiano, marinada no vinho. Seu principal segredo é deixar a galinha descansando nos temperos de um dia para o outro ainda congelada e, para ficar mais saborosa e com o sabor da roça, é servida acompanhada de pirão.
Atualmente, Luiz também trabalha como jardineiro na parte da manhã, pois o atendimento no Chubiba Bar só começa, de segunda a sexta, às 17h e, nos finais de semana, com a rotina mais  pesada, inicia às 10h. As entregas são feitas somente aos sábados e domingos, no bairro de Paraisópolis e arredores.
Ele conta que, em um dia, vende em média 60 peixes e que, de vez em quando, surgem surpresas, como uma família com cerca de 30 pessoas que, após um batizado, foi comemorar lá por saber da comida deliciosa. Sem aviso prévio, ele teve que se virar para atender as 30 pessoas e mais as entregas que não paravam. O local da alimentação é ao ar livre, com mesas e cadeiras em frente ao estabelecimento. A cozinha é aberta para que todos os clientes vejam como a comida é preparada. O perfil dos fregueses é, em sua maioria, de famílias que se reúnem a fim de comer uma boa refeição. Amigos também se encontram depois do trampo para beber uma breja, jogar papo fora e, claro, aproveitar as refeições e porções generosas.
Luiz e Evandro gostam do que fazem. E fazem com o aprendizado que ganharam na época em que viveram no Ceará e em Pernambuco, estados que têm em comum o sabor da típica comida nordestina.

Oh! Glória Artesanal Burguers
Rua das Jangadas, 72 – Paraisópolis, São Paulo
Desde muito novo, Marcelo Vicente trabalhou em lanchonetes, restaurantes e hamburguerias famosas do Centro como a Hamburgueria Nacional e a Lanchonete da Cidade, mas sempre quis ter o próprio negócio.
Depois de trabalhar com diferentes tipos de comida, ele teve a ideia de vender hambúrgueres na sua casa. Um investimento de R$ 500 deu conta da chapa e dos utensílios necessários. Logo depois, um amigo lhe ofereceu um espaço, ele aceitou e, já no dia da inauguração, as vendas bombaram. Com mais grana, ele alugou um espaço melhor, caprichou na decoração e inaugurou o Oh! Glória Burguers. O nome é em homenagem a Deus e o logotipo tem a imagem de uma figueira (símbolo de prosperidade), já que Marcelo é evangélico.
Desde que abriu, o Oh! Glória tem chamado a atenção em Paraisópolis – ali a comida é de primeira. O hambúrguer é caseiro, os pães são artesanais (ele compra diretamente de fornecedores especiais) e a lanchonete faz a própria maionese. Ele conta que decidiu fazer os próprios hambúrgueres porque é um diferencial – o gosto é diferente daqueles que são comprados no mercado. Além disso, Marcelo prefere fazer tudo o mais natural possível: além de ser mais saudável, é uma novidade deliciosa.
Todos os lanches de 200 g são acompanhados de batata e o cardápio também conta com 15 complementos opcionais diferentes. O mais pedido é o Big Pig, que leva cheddar, cebola e bacon. Além dos hambúrgueres tradicionais, há também os lanches especiais como o hambúrguer de costela e a costela ribs. Para refrescar,  há sucos naturais, milk-shake, açaí na barca e outras opções. O local só não vende álcool.
O Oh! Glória fica no coração da quebrada, mas seus hambúrgueres vão muito além através do delivery. O sabor, portanto, pode chegar a muitos lugares, mas são produtos de Paraisópolis, mostrando que na periferia também tem comida (muito) boa.

Dona Fran
Rua das Jangadas – Paraisópolis, São Paulo
Sabe aquela cheirosa e saborosa comida de vó? Preparada com bastante alho picadinho, temperos naturais, nenhum condimento industrializado e todo amor e carinho? Em Paraisópolis tem. E a boa notícia é que Dona Fran, a cozinheira, resolveu abrir as portas da sua casa para cozinhar para a comunidade.
Francisca Macedo dos Santos, 46 anos, é maranhense. Trabalhou durante muitos anos como empregada doméstica, e, nesse meio tempo, sempre esteve em contato com a cozinha. Seu desejo era que as pessoas experimentassem sua comida. Quando deixou o trabalho doméstico, chegou a ser camelô e a vender açaí, mas os negócios não deram certo. Dois amigos, encantados com seu tempero, a desafiaram a abrir um restaurante – assim surgia, no ano de 2010, o Restaurante da Dona Fran.
Todos os dias ela levanta às 7h para começar a preparar o almoço. O trabalho, no entanto, começa bem antes: as carnes ficam descansando no tempero de um dia para o outro. Não há muita variação no cardápio. A base sempre é composta por arroz, feijão, salada, macarrão e farofa de bacon. O que varia são os tipos de carne, sempre três à escolha do cliente. Frango à milanesa, coxa de frango assada, costela e feijoada são algumas das opções. Com R$ 27, duas pessoas comem muito bem.
O restaurante, em si, não é exatamente um restaurante. É a sala da casa da Dona Fran. Os clientes compartilham as mesas e podem ver Fran em ação, já que a cozinha fica logo ao lado. O local fica aberto para o almoço, mas o horário é flexível: ela conta que, em alguns dias, clientes aparecem para comer às 5h da tarde.
Apenas Dona Fran e sua sobrinha cozinham. Elas cuidam do almoço, servido de segunda a sábado, e também das encomendas. A comida da cozinheira já circula por toda Paraisópolis em entregas a pé, e sua fama já ultrapassou os limites da quebrada. Dona Fran conta que já recebeu pedidos no Portal do Morumbi, mas não pôde atendê-los por conta da distância.
Agora, o que ela quer é comprar uma moto para agilizar suas entregas e continuar colocando em prática o que sempre desejou: fazer com que mais pessoas possam experimentar o seu tempero de vó.

Point do Acarajé
Av. Hebe Camargo, 23 – Paraisópolis, São Paulo
Se você nasceu da ponte pra cá, certamente leu essa frase com a voz do Mano Brown e ‘mil fita’ na mente. E, realmente, poderia até ser um Mano Brown ali, escrevendo sua história, no meio da selva de concreto e aço, marcada por tanta desigualdade. Mas não. Quem manda, desmanda e escreve uma nova história com sabores e delícias diferentes das impostas por aí é a queridíssima Teomila, dona do Point do Acarajé. Mulher e negra é ela quem semeia a única coisa que resiste no meio de todo esse caos: o amor.
O Point fica na Av. Hebe Camargo, na altura do número 6, que fica exatamente de frente para o cruzamento da Rua Herbert Spencer. Cruzamento esse que, curiosamente, representa muito bem a pluralidade dos clientes, moradores e transeuntes da quebrada de Paraisópolis. Da parte direita do cruzamento, só partem carros caros, pilotados por motoristas apressados; e da parte esquerda, carros econômicos andando lentamente, com o som estralando.
Antes vendedora de acarajé na Bahia, Teomila chegou em SP em 2012, mas somente em 2014 conseguiu abrir o Point do Acarajé. No começo, ela ficava em uma esquina ali perto e, depois de investir em suas receitas e até dar miniacarajés de graça, ela expandiu a clientela e a barraca para o novo point.
A expansão tem um motivo evidente: a singularidade da receita do prato principal de Teomila: seu exaltado Acarajé. A cozinheira segue atentamente as fórmulas ancestrais de sua tia, que diz que o prato tem que ser feita de puro feijão fradinho, com a massa preparada na cebola e frita no azeite. Esses passos deixam a massa única; crocante na medida, temperada minuciosamente, e em harmonia substancial com o recheio – que se mistura no céu da boca, e dá a exata sensação de, ao invés de só estar mordendo um pedaço de acarajé, estar vivendo o lado mais belo de toda a Bahia.
De cara, aquela ideia do amor, meio vazia, pode até parecer um papo bem boroca. Mas a real é que o Point do Acarajé, antes de ser o pico do melhor acarajé de São Paulo, é uma referencia cultural para a vida. Isso porque, segundo a própria Teomila, o diferencial desse acarajé, para qualquer outro, é o amor depositado no trabalho que ela faz. E quando o amor é combustível para algo, meus amigos, aí é que ninguém pode brecar.


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Cepa - bons ingredientes em cozinha bem-executada e nada óbvia


Cepa trabalha bons ingredientes em cozinha bem-executada e nada óbvia
Na região do Tatuapé, restaurante é comandado pelo casal Lucas Dante e Gabrielli Fleming
FSP - 19/07/2019

São Paulo se beneficia —e se mantém vibrante e diversa— com a ousadia de certos empreendedores, que se propõem a sair do senso comum. Eis nesse balaio o casal que acaba de inaugurar o Cepa, na região do Tatuapé, um restaurante pequeno, de ar jovem, cardápio enxuto, bem-executado e nada óbvio.

Num primeiro olhar, os preparos de Lucas Dante exibem traços autorais, fogem de qualquer bandeira e transmitem liberdade —da qual se vale para tratar bons ingredientes.

Uma observação mais profunda permite notar um fio condutor. O chef parte de uma filosofia, e a coloca em prática: usa produtos frescos, não congela carnes e peixes, e busca explorar os alimentos no limite e seus processos de conservação, como fermentação e cura.

Aplica o conhecimento que acumulou ao lado do italiano Marco Renzetti, na Osteria del Pettirosso, ao oferecer, por exemplo, sua tábua de embutidos curados na casa, fatiados cuidadosamente (R$ 24). O lardo derrete no céu da boca, que beleza, e o picles de rabanete, ácido, ultraintenso provoca as papilas e quebra a gordura a um só tempo.

Para dar liga aos cubos de carne crua, cortados grosseiramente e temperados com parcimônia (mostarda fermentada na casa, pimenta-do-reino e chips de alho), Dante usa o avinagrado da conserva de quiabo, no qual concentra-se a baba do vegetal (R$ 36).

Se por um lado há arrojo, por outro surge um apelativo e atraente mil-folhas de batata, pincelado com manteiga trufada, com superfície crocante, sobre um creme de queijo reblochon, para comer de colher (R$ 24). 

Carnudo, com pele gelatinosa e cozido no vapor, o olhete chega à mesa envolto em um dashi, o caldo base da cozinha japonesa, com purê de mandioca, que equilibra doçura e acidez (R$ 49).

A paleta de copa lombo, alta e rosada, é guarnecida com purê de maçã, brócolis firmes, tostados no calor da lenha e do carvão, e pele pururucada, que desidrata no forno, aproveitada das rebarbas da tábua de curados (R$ 52).

Sai-se excessivamente adocicado e sem equilíbrio o rigatoni com creme de abóbora (muito denso) —parece deslocado do cardápio, que revela mais delicadeza.

Serviço de vinho e de salão, feitos pela sócia e sommelière Gabrielli Fleming, é competente e uma doçura, diferentemente das sobremesas, corajosamente contidas no açúcar.

https://guia.folha.uol.com.br/restaurantes/2019/07/cepa-trabalha-bons-ingredientes-em-cozinha-bem-executada-e-nada-obvia.shtml

Festival do Pescado e Frutos do Mar - Ceagesp

Ceagesp recebe Festival do Pescado e Frutos do Mar com ostras e camarão pistola
Evento serve pratos especiais de setembro até dezembro - FSP - 04/09/2019 

Depois do sucesso do Festival de Sopas, que foi inclusive prorrogado, o Ceagesp encerra sua temporada de eventos gastronômicos de 2019 com o Festival do Pescado e Frutos do Mar, atração na casa desde sua primeira edição, em 2013.

A partir desta quarta (4) e até 22 de dezembro, é possível comer à vontade (pelo valor fixo de R$ 84,90 por pessoa) pratos como camarão pistola assado no espeto e paella à marinera. Entre os destaques deste ano estão a caranguejada, servida às quartas-feiras, as ostras servidas às quintas como prato adicional. 

Às sextas, quem entra no menu é o camarão ao Catupiry servido no coco; sábado é dia de mariscada e, no domingo, o destaque do evento é o macarrão com camarão servido no parmesão Grana Padano.

Além das receitas especiais de cada dia, o cardápio fixo com 50 opções inclui saladas, entradas, como acarajé e casquinha de siri, e pratos, como salmão e bacalhau.

Ceagesp - Av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, Vila Leopoldina, região oeste, tel. 3645-0481. Qua. a sex.: 18h às 24h. Sáb.: 12h às 24h. Dom.: 12h às 17h. Até 22/12. Preço: R$ 84,90 por pessoa. Crianças de até 5 anos não pagam, de 6 a 10 anos pagam metade do valor. Bebidas e sobremesas são cobradas à parte

https://guia.folha.uol.com.br/restaurantes/2019/09/ceagesp-recebe-festival-do-pescado-e-frutos-do-mar-com-ostras-e-camarao-pistola.shtml

Padoca do Maní e Café Le Manjue ganham novas unidades


Filhotes de restaurantes, Padoca do Maní e Café Le Manjue ganham novas unidades
Padoca do Maní é do restaurante da chef Helena Rizzo, e o Café Le Manjue, do restaurante orgânico
FSP, 30/08/2019 

Filhotes de bons restaurantes paulistanos, a Padoca do Maní e o Café Le Manjue ganharam novas unidades.
Enquanto o novo endereço da Padoca fica no shopping Iguatemi —o mesmo do Manioca—, o da loja mais descontraída do Le Manjue Organique está na Vila Nova Conceição. Saiba mais.

Café Le Manjue  
Filhote do restaurante de mesmo nome, o café segue a linha orgânica, funcional e saudável da casa mãe. Esta é a terceira unidade do café, que tem itens prontos para serem consumidos ou levados para viagem, como salgados, sanduíches e doces. Para uma refeição, a dica é a Marmita Fit (R$ 36), com combinações que mudam diariamente.
R. Afonso Braz, 311, Vila Nova Conceição, região sul, tel. 3042-2189. 20 lugares. Seg. a sáb.: 8h às 20h.

Padoca do Maní
Casa do restaurante Manioca, o shopping Iguatemi virou, também, o endereço da segunda unidade da Padoca do Maní, com tortas, quiches e bolos. Uma novidade é o almoço: oito sugestões frias ficam dispostas para o cliente escolher como quer montar o prato (R$ 55 com quatro itens). A outra, a seção de comidinhas prontas para levar para casa.

Shopping Iguatemi - Av. Brig. Faria Lima, 2.232, térreo, Jd. Paulistano, s/ tel. Seg. a sáb.: 7h30 às 22h. Dom.: 7h30 às 20h.

Bares para drinks

SubAstor
O bar secreto mais conhecido da cidade fica no subsolo e é comandado pelo bartender Fabio la Pietra. Inspirada nos biomas brasileiros, a carta atual tem misturas como o pimenta-de-cheiro, que tem gim, vermute seco, xerez e, claro, pimenta-de-cheiro.
R. Delfina, 163, Vila Madalena, região oeste, tel. 3815-1364. 70 lugares. Ter. a qui.: 19h30 às 2h. Sex. e sáb.: 19h30 às 3h.

Frank Bar
Spencer Amereno Jr. é o barman responsável pela casa. A seleção tem receitas de diferentes origens, que aparecem no menu ao lado de local e do ano de criação. Recentemente, o bar lançou uma nova carta de coquetéis. Entre as opções está o Extra-Extra Fruit Brandy Punch, que leva conhaque, rum, curaçau, frutas da estação grelhadas e xarope de frutas cítricas.

Hotel Maksoud Plaza - R. São Carlos do Pinhal, 424, Bela Vista, região central, tel. 3145-8000. 61 lugares. Seg. a qua.: 18h à 1h. Qui. a sáb.: 18h às 2h. 

Altos e baixos de 4 casas de lámen em SP para espantar o friozinho

Mariana Agunzi, FSP 27.jun.2019

Já faz um pouco mais de dois anos que o boom de casas especializadas em lámen —ou ramen, para quem adota essa grafia— chegou a São Paulo. Poderia ser apenas mais uma moda gastronômica, mas o bowl de macarrão embebido em caldo temperado, típico japonês, caiu no gosto do paulistano.

Tirei a prova neste inverno tímido, que apenas ameaçou dar as caras na cidade. Fui a uma casa de lámen menos badalada, na zona sul, e para minha surpresa dezenas de outros paulistanos também aproveitaram a mudança de estação para jantar o macarrão ensopado. Era domingo e o local estava lotado, com direito a fila de espera.

O frio deve aumentar nas próximas semanas. As filas de sedentos por lámen também. Para você escolher uma casa sem esquentar a cabeça —só o corpo, com o caldo quentinho—, o Pitaco ressaltou pontos fortes e fracos de quatro lugares.

*
MOMO LAMEN
R. dos Estudantes, 34, Sé, tel. 3207-5626
Impossível não passar pela Liberdade quando o assunto é comida japonesa. O restaurante, que abriu em 2016, ocupa três andares de um prédio. O macarrão que protagoniza as tigelas é feito ali mesmo, em uma máquina trazida do Japão, e o cardápio oferece 13 opções de lámen e mais quatro de udon (a massa mais grossa).
Nosso pitaco: melhor opção se você está com fome e não quer ficar na fila, porque é grande. São três andares, portanto, é incomum ter que aguardar. E dá para ir de metrô: fica a apenas uma quadra da estação Liberdade. As versões mais suaves do lámen têm menos graça; se você curte uma picância, peça o tan tan men, com molho de gergelim apimentado e carne suína moída. Os preços variam na casa dos R$ 30.

Tan tan men do Momo Lamen, na Liberdade (Thays Bittar/Folhapress)
JOJO RAMEN
R. Dr. Rafael de Barros, 262, Paraíso, tel. 3262-1654
Também abriu em 2016, mas no Paraíso, zona sul de São Paulo. Desde então, é um dos queridinhos da crítica gastronômica quando o assunto é lámen. Também pudera: a casa trouxe um chef de Tóquio, Takeshi Koitani, para deixar o ensopado nos trinques. A massa também é de fabricação própria, e os caldos são consistentes.
Nosso pitaco: O Jojo não veio para ser só mais uma casa de lámen, pois sua comida é incrível. Os caldos, a base de porco, frango e shiitake, são de lamber os beiços. O preço é um pouquinho mais salgado que o cobrado pelo Momo, mas vale a pena. Só que… há fila. Praticamente todos os dias. A cozinha é ótima, mas se você estiver com pressa, é melhor procurar outro restaurante.

NARA LAMEN
R. Carneiro da Cunha, 172, Vila da Saúde, tel. 5581-9910
Duas casas fora da rota gastronômica paulistana, na Saúde, merecem atenção: Nara Obentô, que serve bentô –o “PF” japonês, uma refeição completa na caixa–, e seu irmão e vizinho Nara Lamen, que, como o nome sugere, serve lámen. O salão é simples e espaçoso, e os pratos são preparados ali, aos olhos dos clientes.
Nosso pitaco: Restaurante casual e gostoso. Apesar de encher nos fins de semana, é espaçoso, então a fila de espera costuma andar rápido. A comida é bem-feitinha, mas não chega a emocionar. Por isso, é uma boa opção para quem quer matar a vontade do macarrão ensopado sem frescura. E sem gastar muito: há opções de apenas R$ 20.

HIDDEN BY 2ND FLOOR
Al. dos Nhambiquaras, 921, Moema, tel. 2339-8878
A casa, que tem esse nome porque ficava no segundo andar de um sobrado na Vila Clementino, se mudou para Moema (agora em piso térreo). Além de pratos do dia, serve lámens, criações do chef Luis Ishikawa, que fazem bastante sucesso entre a clientela. São três tipos: shoyu, missô e karamissô.
Nosso pitaco: O espaço que abriga o restaurante pode até passar despercebido, mas os lámens, não. São de respeito, servidos com ovo de gema molinha. O caldo é mais leve que o de outras casas do estilo, mas não menos saboroso. O único infortúnio é o preço, que pode assustar um pouco, passando dos R$ 40 a depender do escolhido.


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DICIONÁRIO DO LÁMEN
Para você não passar aperto
Kamaboko – massa de peixe
Karaague – frango empanado e frito
Missô – caldo de pasta fermentada de soja
Moyashi – broto de feijão
Nirá – cebolinha chinesa
Nori – alga
Shio – caldo a base de sal e temperos
Shoyu – caldo de molho de soja
Tyashu – lombo de porco



Mapu apresenta comida taiwanesa em ambiente jovial

FSP, 23/08/2019 
Restaurante nasceu de um food truck especializado em bao

É interessante observar o endereço escolhido para abrigar o Mapu, a rua Áurea, na Vila Mariana. De particular vida gastronômica, a via concentra cozinhas raras na cidade, caso da Sobaria (com receitas do centro-oeste e sobá, prato de Okinawa que virou tradicional também na região brasileira), do Amazônia Soul (com culinária da região amazônica), e uma unidade da sorveteria Frutos do Cerrado, de nome autoexplicativo. Pois o Mapu prepara, como seus vizinhos, uma cozinha ainda não muito popular por aqui, a taiwanesa.

A escolha do bairro não foi por acaso. Segundo Duílio Biin Homg Lin, um dos sócios da casa, estar fora da região de Pinheiros dá uma visibilidade diferente ao negócio. Além disso, o bairro tem crescido bastante e está próximo a bairros como Liberdade e Aclimação, que reúnem boa parte do público oriental.

Tem clima jovem o ambiente de cores claras e pouca decoração, uma combinação da faixa etária da equipe, da animada música ambiente e da história da casa, que começou há dois anos como um food truck. 

O menu é resumido e combina hits da cozinha itinerante com novidades --tudo, em porções bem generosas. Para compartilhar, uma dica são os cogumelos no vapor (R$ 28). Eles chegam à mesa com somen (um macarrãozinho) à parte, que pode ser molhado no caldo dos cogumelos. “Como o caldo tem mais umami, acrescentamos o somen ao prato. Achamos que ficaria mais interessante para a experiência”, conta Duilio.

Já a estrela da seção de beliscos, os baos, pãezinhos no vapor, são grandes e valem por uma refeição (R$ 18 a R$ 19). Eles são, justamente, o carro-chefe do food truck.

Dos principais, uma dica são os noodles, macarrões. Um deles, o Niu Rou Mian (R$ 32) tem caldo de carne bovina, acelga chinesa e tomate assado.

Para acompanhar a refeição e entrar no clima taiwanês, dê uma olhada na geladeira da casa, com algumas bebidas típicas
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Banzeiro - Com vitória-régia, formiga e tucumã, Banzeiro traz sabores amazônicos a SP

Filial do restaurante manauara está no Itaim Bibi

FSP 28/08/2019 

Formiga-saúva, cogumelos ianomâmi, tucumã e vitória-régia são alguns dos ingredientes que compõem o menu do manauara Banzeiro, em uma seção batizada de “introdução da Amazônia brasileira”.

Se é recém-chegada a São Paulo —abriu as portas na última segunda, 26, no Itaim—, a casa do chef Felipe Schaedler tem história de dez anos em Manaus, onde ganhou reconhecimento e fãs paulistanos.

A cozinha explora ingredientes e técnicas da região amazônica para entregar receitas próprias. O menu paulistano traz pratos da casa-mãe e do Moquém do Banzeiro, também em Manaus, além de apresentar itens exclusivos.

A formiga-saúva, por exemplo, é servida sobre espuma de mandioquinha (R$ 18) em uma das sugestões de entrada. Já a vitória-régia tem seu caule transformado em picles, que é combinado a tapioca hidratada no açaí e queijo de cabra (R$ 32).

Peixes de água doce, como pirarucu e tambaqui, estrelam boa parte dos pratos principais: o primeiro pode vir grelhado com cogumelos laminados (R$ 63) sobre folhas de rúcula, feijãozinho crocante e farinha do Uarini; já a costela do tambaqui vem com tartar de banana e baião cremoso (R$ 65).

No horário do almoço, pelo preço do principal, também se come entrada e sobremesa.


R. Tabapuã, 830, Itaim Bibi, tel. 2501-4777. Seg. a sex.: 11h30 às 15h30 e 19h às 23h30. Sáb.: 12h às 16h e 19h às 24h. Dom.: 12h30 às 17h. Não aceita tíquetes. $$$

Banoffee com tudo

Criado na Inglaterra, doce que combina banana, doce de leite e chantili faz sucesso em SP : sobremesa do momento tem até versão com bacon

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Folha de SÃO PAULO - 24/09/2019 

Criada na Inglaterra nos anos 1970, a torta banoffee conquistou o paladar paulistano recentemente e está dominando menus pela cidade.

Além da combinação clássica de banana, doce de leite e chantili, aparecem por aí diferentes versões da sobremesa.
Conheça algumas delas.

Bacio di Latte
Até o dia 30/9 é possível  provar, em qualquer unidade da rede de sorveterias, um dos sabores especiais de setembro: o de bolo de banana, que tem toque de canela e é finalizado com uma geleia inspirada na banoffee.
R. dos Pinheiros, 404, Pinheiros, região oeste, tel. 3064-0827. Seg. a qui. e dom.: 10h às 23h. Sex. e sáb.: 10h às 24h.

Big Kahuna Burger
Inspirada no filme "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, essa hamburgueria tem uma curiosa versão de banoffee. Criada em parceria com o Nanica (abaixo), a torta tem banana, doce de leite, chantili e... farofinha de bacon (R$ 24,80 a fatia).
Al. Lorena, 53, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3051-6268. 78 lugares. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sáb.: 13h às 24h. Dom.: 13h às 23h.

Borgo Brace
Irmã mais nova da charmosa Borgo, na Mooca, essa casa também investe em pratos italianos, com um diferencial: está mais para uma churrascaria. O menu de sobremesas tem uma versão da banoffee na qual a banana é feita na brasa. Caramelo com flor de sal, massa frola e sorvete de baunilha completam a receita (R$ 25).
Pça. Visc. de Sousa Fontes, 59, Parque da Mooca, região leste, tel. 99844-1553. Qui.: 19h às 23h. Sex. e sáb.: 12h às 23h. Dom.: 12h às 17h.

Ema
A chef Renata Vanzetto estreou novidades na sua casa mais autoral, incluindo —adivinhe— uma versão da banoffee. Ali, a sobremesa é servida em camadas, com  massa crocante, brigadeiro de caramelo, banana e creme (R$ 25).
R. Bela Cintra, 1.551, Jardins, tel. 98232-7677, região oeste. Ter. a sex.: 19h30 às 24h. Sáb.: 13h às 16h e 19h30 às 0h30.

Gula Gula
Recém-chegado a São Paulo, esse clássico carioca também oferece o doce em seu cardápio. Aqui, ele é servido com base de bolo de nozes sem glúten, um brigadeiro de caramelo, banana e chantili (R$ 17 a fatia).
R. Pe. João Manuel, 109, região oeste, tel. 4420-2140. Seg. a qui. e dom.: 8h às 23h. Sex. e sáb.: 8h às 24h. 

Fat Cow
Essa hamburgueria, no Itaim, tem a proposta de explorar diferentes técnicas e ingredientes. Não faz diferente no menu de sobremesas, que traz a Banoffee Split (R$ 19): banana split com doce de leite, sorvete de cumaru e biscoito de canela.
R. Iaiá, 173, Itaim Bibi, região sul, tel. 3078-8098. Seg. a sáb.: 12h às 15h e 19h às 24h. Dom.: 12h às 19h.

Nanica
Escondida dentro de uma galeria na rua Augusta, a loja tem uma das versões mais pop e instagramadas da banoffee na capital. São cinco as variáveis do doce, como a que traz Nutella em vez de doce de leite ou a com brownie no lugar da massa, feita somente aos finais de semana (R$ 14 a R$ 16).
R. Augusta, 2.052 , região oeste, tel. 97592-0997. Seg. a sáb.: 12h às 22h. Dom.: 13h às 19h.

The Good Cop
Brilham no balcão dessa nova casa os coloridos donuts as rosquinhas fritas ao estilo americano. Os sabores são dos mais variados entre eles há o de banoffee, com cobertura de caramelo e marshmallow e recheio de doces de banana e de leite (R$ 10).
R. Dr. Mário Ferraz, 517, Jardim Europa, região oeste, s/ tel. Ter. a dom.: 11h às 18h30. 


Onde comer e beber na Barra Funda

Dicas de restaurantes, bares, padarias e empórios na região que está cada vez mais gastronômica


A Barra Funda entrou de vez no roteiro de quem gosta de comer e beber bem - o Paladar cantou essa bola lá em 2017.

Hoje, o bairro, que vai do terminal da Barra Funda ao Minhocão, chegando até uma das margens do Rio Tietê, já conta com opções para todos os gostos, desde bares despretensiosos e restaurantes autorais, até uma pizzaria rodízio que serve pizzas napolitanas de fermentação natural. 

Só em agosto foram duas boas inaugurações (Laskarina Bouboulina e Bocada's). Por isso, para quem já conhece, vale a pena revisitar o bairro. Para os que ainda não se aventuram, seguem 14 dicas de endereços que valem a visita: 

Laskarina Bouboulina
Instalado em uma casa de esquina, numa pacata rua do bairro, o recém-inaugurado Laskarina Bouboulina é uma simpática taberna que faz comida com influência mediterrânea, turca e também brasileira. Boa parte dos pratos do menu (que foi concebido pela chef Daniela França Pinto) são para compartilhar e passam pelo forno a lenha instalado bem na entrada do pequeno salão. Ah, e o nome é uma homenagem a uma pirata grega que lutou contra os otomanos - ela era responsável por abastecer os soldados com munição e alimentos com seu navio, o maior da época.
ONDE: R. Souza Lima, 67, Barra Funda

Descontração. Boa comida em esquina da Barra Funda Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mescla
Segunda empreitada do chef Checho Gonzales na cidade, o restaurante inaugurado em maio deste ano é bem diferente do seu Comedoria Gonzalez, de cozinha latina no Mercado de Pinheiros. No Mescla, ele faz comida caseira e rústica, com toque autoral. Da cozinha saem pratos como o peixe vermelho com camarões e corações de galinha e outros guisados servidos em panelinhas de ágata. A casa é a cara do bairro, um lugar moderno, com ambiente despojado, duas mesas comunitárias, quatro ou cinco mesinhas e alguns lugares no balcão, que divide a cozinha e o salão. O cardápio é curto, nada convencional, e a ideia é compartilhar tanto as entradas como os principais.
ONDE: R. Souza Lima, 305, Barra Funda, 3661-1149

Na panelinha. Conchas, paio, frango e legumes  Foto: Gabriela Biló/Estadão

Bocada's
A pizzaria dos mesmos donos do Capivara (leia abaixo) – fica no imóvel vizinho - ainda está funcionando em sistema soft opening, mas já anda recebendo muitos elogios pela ótima pizza. Ela tem massa fina com bordas altas, crocante e levíssima. Ela é aberta à mão, em tamanho individual – alla napolitana. Por cima da massa, um molho de tomate suave e os sabores que variam a cada noite. O serviço é em forma de rodízio – a pizza chega num prato, cortada em quatro fatias, fica na mesa e cada um se serve, tudo por R$ 45. Nesse primeiro momento, a Bocada's abre só às terças, quartas e quintas – nos outros dias o lugar recebe eventos. Precisa reservar pelo Instagram (@bocada_s) ou WhatsApp (95177-3061). 
ONDE: R. Dr. Ribeiro de Almeida, 167, Barra Funda 

Campeã. Pizza alla marinara, molho suave, alici e alho crocante Foto: Renata Mesquita/Estadão
A Dama e os Vagabundos 
O bar tem cara de boteco rock n’ roll e uma ótima trilha sonora. Os drinques da casa são simples e certeiros - vale experimentar o rabo de galo. A estrela é a churrasqueira. De lá, saem os melhores cortes de carne, sanduíches e legumes. O bar é frequentado por um público moderno, mas sem muita afetação. Como fecha relativamente cedo, A Dama e os Vagabundos também funciona como um esquenta pré-balada.  
ONDE: R. Souza Lima, 43, Barra Funda

Komah 
Eis um ponto alto do bairro: o restaurante coreano do chef Paulo Shin, com pratos tradicionais tratados com leveza e apuro. O ambiente é moderno, o serviço é informal, as filas são longas e a comida, intrigante. O restaurante já figurou duas vezes entre os 100 melhores pratos da cidade eleitos pelo Paladar: com o kimchi bokumbap (arroz em caldo suíno com cremoso omelete por cima) e o yukhoe (steak tartare coreano). No início do ano, a casa passou a abrir para o almoço durante a semana, com sistema de menu executivo, sempre com três opções de pratos principais. 
ONDE: R. Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda

Yukhoe, steak tartare coreano do Komah.  Foto: Codo Meletti|Estadão

A Baianeira 
O restaurante nasceu como uma pequena portinha que levava o nome "Quem Quer Pão 75" e logo ficou famoso pelos pães de queijo (ainda vendidos para comer na hora ou congelados). Mas a cozinha "baianeira" - que mistura elementos da culinária baiana e da mineira - da chef Manuelle Ferraz (nascida no Vale do Jequitinhonha) foi ganhando corpo e espaço no cenário gastronômico da cidade. O restaurante foi ampliado, mudou de nome, e agora vive cheio. Serve PFs durante a semana, além de quitutes e café da manhã. É comida trivial feita com excelência.
ONDE: R. Dona Elisa, 117, Barra Funda, 2538-0844

Costelinha com creme de abóbora Foto: Matilda e Tari Azevedo|Estúdio Coma|Divulgação

Bacalhau, Vinho e Cia.
Um restaurante tradicional, com pratos tamanho família, salão espaçoso e serviço gentil. As especialidades, como já denuncia o nome, são o bacalhau e os vinhos das várias regiões lusas, além dos docinhos portugueses. São 16 opções de pratos com bacalhau, sendo oito bacalhoadas e oito pratos com o peixe servido em posta. Saiba mais.
ONDE: R. Barra Funda, 1.067, Barra Funda, 3826-7634

O bacalhau ao murro, do Bacalhau, Vinho e Cia., na Barra Funda, em São Paulo Foto: Hilton de Souza

Dali Daqui 
A inspiração do nome vem do pintor espanhol Salvador Dalí, que aparece em vários dos lambe-lambes que decoram esse bar de esquina. Caixas de cervejas, cadeiras de escritório e mesas na rua completam o ambiente. Para comer, petiscos de inspiração brasileira e espanhola, como as batatas bravas, servidas com alecrim e molho rústico picante. Para beber, além de cervejas, vinhos, drinques e os chupitos, shots de 50 ou 100 ml.
ONDE: Rua Vitorino Camilo, 1.093 (Esquina com Rua Conselheiro Brotero, 71), Barra Funda, 2387-8123

Batatas bravas do Dali Daqui. Foto: Leo Martins

Scar 
O Scar aposta no estilo "dive bar", a versão americana do boteco pé-sujo, para atrair os jovens para a região. A trilha sonora é essencialmente rockeira e o ambiente é tomado por referências ao mundo do skate. Os clientes se acomodam no balcão ou nas poltronas para beber cervejas e drinques e comer porções e sanduíches, que levam diversos ingredientes feitos na própria casa, como o pão e a mussarela.
ONDE: R. Margarida, 30, Barra Funda 

Na caixa de som do Scar, punk rock. Na decoração, elementos do mundo do skate. Foto: Fábio Ayrosa

Brioche Brasil 
Meio escondido embaixo do Minhocão, na altura da avenida Pacaembu, está o Brioche Brasil. Lá, o francês Christophe Guillard, especializado em viennoiserie (a arte dos folhados), faz pães, doces e salgados sob encomenda. Os produtos já saem gratinados e depois basta esquentar. As escolhas principais são o croissant, o pain au chocolat, o croque monsieur e a "francesinha",  uma versão portuguesa do croque monsieur que leva linguiça e tomates.
ONDE: R. das Perdizes, 25, Barra Funda, 98115-0834

Assadeira de folhados, como pain au chocolat e croissant Foto: Amanda Perobelli|Estadão

Lá da Vendinha  
De marmitas a geleias, nessa formosa vendinha é possível encontrar todos os quitutes de Heloisa Bacellar - inclusive os bolos e pães de queijo, grandes especialidades da chef. A casa funciona como loja de fábrica do Lá da Venda e abastece os restaurantes da Vila Madalena e do Shopping JK - por isso, ali na Barra Funda, os produtos são vendidos a preços um pouco mais baixos. São duas opções de PF por dia, uma vegetariana e uma com carne. Tudo pode ser comprado para levar ou consumido no local. Há ainda, misturas para bolos feitas pela chef, panos de pratos e outros utensílios.
ONDE: R. Lopes Chaves, 402A, Barra Funda, 3868-1407

Pão de queijo Canastra, do Lá da Vendinha. Foto: Marcela Scavone

Memorial da América Latina
Além de espaço para exposições, shows e debates culturais, o Memorial da América Latina também costuma receber festivais gastronômicos. Neste final de semana (14 e 15/9), rola por lá o Festival Gastronômico Rural, que traz a culinária caipira de diferentes regiões de São Paulo para a capital, com pratos típicos como feijão tropeiro, bolinho caipira, pamonha, afogado e a galinhada. Além disso, os doces da roça também marcam presença com compotas e os doces de frutas típicos de casas e fazendas mineiras, como o doce de abóbora, de leite, ambrosia e groselha.  Ao todo, o evento possui mais de 40 expositores de diferentes cidades do interior de São Paulo. Confira a programação completa aqui
ONDE: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda 

Memorial da América Latina: o complexo cultural foi inaugurado em 1989. Foto: Clayton de Souza/Estadão

Feira de orgânicos no Parque da Água Branca 
O parque fica bem às margens do bairro, mas merece estar nesta lista por conta de sua tradicional feira de produtos orgânicos, às terças (das 7h às 12h e das 16h às 20h), sábados e domingos (das 7h às 12h). Além de vegetais, legumes e hortaliças, também há mel, pão, cereais e outros produtos de certificação orgânica. Nos mesmos dias da feira, também há um café da manhã orgânico, servidos entre as árvores do parque.
ONDE: Av. Francisco Matarazzo, 455, Água Branca

Vegetais orgânicos comprados na feira do Parque da Água Branca. Foto: Fernando Sciarra/Estadão

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Capivara Bar
Um restaurante super descolado e totalmente dedicado a peixes e frutos do mar, fresquíssimos. A oferta do cardápio varia dia a dia, conforme a sazonalidade dos pescados e dos ingredientes. A carta de vinhos, enxuta, mas interessante, é outro atrativo. Lembre-se de chegar cedo, o lugar é pequeno e lota com facilidade.

ONDE: R. Dr. Ribeiro de Almeida, 157, Barra Funda  

CAPIVARA - Chef faz trabalho singular com peixes e frutos do mar em 'botecão' na Barra Funda

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Peixe do dia, do Capivara Bar.  Foto: Carla Peralva|Estadão

LUIZA FECAROTTA - FSP 13/08/2017

Rodrigo Felício, 38, vendeu dois pianos, um violão, um carro. Estava a abandonar uma casa, uma horta e a carreira na música erudita, ritual que repetiu outras vezes até se assentar. Foi, pois, aprender a cozinhar em Paris.

Desde então, absorveu as técnicas clássicas, passou pelo hotel Ritz (onde descansou ervilhas à exaustão na praça de peixes), pela Brasserie (na qual Erick Jacquin o chamava de Woody Allen, em referência aos seus "óculos fundo de garrafa"), pelo D.O.M. (o lugar onde passou mais tempo e fez bons amigos), pelo Chou (onde aprendeu a admirar o produto minimamente manipulado em apresentação meio bruta).

Essa caminhada, com suas dores e delícias, o levou ao Capivara, um lugar meio desajeitado e encantador e particular, escondido na Barra Funda, embalado pelas mágicas vicissitudes de Miles Davis, pelo piano de Thelonious Monk, pela voz suave de Chet Baker. É ali, num canto estreito, que nasceu com um fogãozinho portátil de acampamento, que Felício faz uma cozinha singular, sem paralelos em São Paulo, à vista do cliente.

Apoiado nos peixes e nos frutos do mar, essa fonte inesgotável de maravilhamento –como dizia o estudioso Brillat-Savarin (1755-1826)–, ele alimenta certa inquietude para manter-se estimulado e dela resulta um cardápio dinâmico e ousado, com traços da França, do Japão, da Coreia. São apenas três itens a variar a cada dia, para compartilhar ao centro da mesa (essas, também compartilhadas), ligados por um eixo comum: exibem técnica apurada, bons preços e uma tentativa constante e obstinada de fugir do senso comum.
Ainda que algumas estruturas se repitam, os produtos mudam. Ou, ainda que os produtos se mantenham, recebem tratamentos diversos e resultam diferentes. Felício busca, por exemplo, esgotar as possibilidades da tainha, que há pouco esteve em seu auge, ovada, rechonchuda, viçosa. Ela surge, pois, crua, em fatias firmes e róseas besuntadas em manteiga noisette, dourada, potente, a exalar um aroma acastanhado (R$ 34).

Em outro preparo, a tainha vai à frigideira de ferro, bem quente, somente do lado da pele, onde concentra mais gordura. Esta fica seca e crocante sem que a carne perca umidade e suculência, uma beleza. A posta é acomodada sobre um caldo profundo, cuja base vem do cozimento do vôngole, também parte da receita. Enriquecido com um suco concentrado de nirá (hortaliça japonesa do mesmo gênero do alho), ganha tom esverdeado, intensidade e uma suave picância.

Os pratos, aliás, geralmente são envolvidos em caldos que convidam a mergulhar um naco de pão e secá-los até a última gota –é tentador repetir o gesto diante do sarnambi, molusco branco e carnudo imerso num caldo amanteigado de toque ácido, mas excessivamente salgado.

Da tainha são aproveitadas ainda as ovas. Secas e salgadas na casa, transformam-se na nobre bottarga que aparece em lâminas finas sobre fatias de sororoca crua, peixe da família do atum, de carne clara e untuosa, de sabor delicado (R$ 36).

Felício mostra similar habilidade para lidar com os vegetais, sobretudo orgânicos, da fazenda Santa Adelaide, no interior de São Paulo. Vem de lá a beterraba que dá origem a um reconfortante creme liso e aveludado, com creme de leite "reduzido até tostar" e manteiga "à vontade", diz o chef. Milho refogado, mas firme, e uma cebolinha japonesa em conserva apimentada desestabilizam o paladar e dão graça ao conjunto.

Também vem da fazenda a mexerica que vira compota, com um leve e estimulante amargor. É servida ao lado de três belos queijos brasileiros de leite cru.

Bem, para alcançar equilíbrio e ineditismo, Felício parece reunir virtudes basilares: persegue bons ingredientes, tem destreza para lidar com o produto bruto, realiza cocção precisa e manipula a carne, frágil, com respeito e delicadeza. Um jovem garçom, interessante e interessado, fica a recitar seus pratos com riqueza de detalhes –pode ser exaustivo, pode ser sedutor.

CAPIVARA
Onde r. Dr. Ribeiro de Almeida, 157, Barra Funda, s/tel.
Quando ter. a qui., das 19h às 23h30; sáb., a partir das 12h (até acabarem as porções)
Avaliação muito bom

https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/08/1908934-chef-faz-trabalho-singular-com-peixes-e-frutos-do-mar-em-botecao-na-barra-funda.shtml