ANDRÉ BARCINSKI - Comida sem frescura – FSP
Uma região do centro de São Paulo, próxima à Santa Ifigênia,
está virando o "baixo Cuzco", de tantos restaurantes peruanos que
estão abrindo no pedaço.
Já existem ali o ótimo Rinconcito Peruano (rua Aurora, 451,
tel. 0/xx/11/8974-2965) e outro com o sugestivo nome de El Carajo! (rua
Guaianases, 167), "donde usted es el rey".
Há poucos meses, abriu na avenida Rio Branco, 439, o
Tradiciones Peruanas. Trata-se de uma portinha, pouco maior que uma garagem,
que fica colada ao excelente restaurante árabe Habib Ali. Tem três mesas, e
cabem, com muito esforço, umas 12 pessoas.
Quando fui, com um amigo, o atendente disse que havia um
salão maior no andar de cima, mas que ele mesmo não recomendava: "Está
muito quente lá".
Aceitei a sugestão e esperei por uma mesa na calçada, de
frente para o movimento da Rio Branco. Matei o tempo ouvindo o pavoroso
sertanejo universitário que vinha de uma loja de som automotivo, ao lado.
O almoço foi ótimo: de entrada, o garçom trouxe um pratinho
de "cancha", um milho peruano frito, aperitivo perfeito para
acompanhar uma cerveja gelada ou a "chicha morada", um refresco feito
de milho-roxo, doce e delicioso.
Depois, pedimos um ceviche de pescado (R$ 25), prato
excelente e que custaria o triplo em qualquer lugar da cidade, seguido de
"chaufa" de mariscos -arroz feito na panela wok, com camarões, peixe,
lula e mexilhões. Não sobrou nada.
Gostei tanto que voltei ao Tradiciones Peruanas alguns dias
depois. Pedi um "la viagra marina", pratão que traz ceviche, lulas
fritas e arroz com mariscos. Custou R$ 60 e dava tranquilamente para duas
pessoas.
Na mesa ao lado, um casal traçava um apetitoso "pollo
broaster" (R$ 15), frango empanado com batatas fritas, que parecia dos
céus.
Aprovadíssimo o Tradiciones Peruanas. E que a invasão inca
ao centro de São Paulo continue firme e forte.
Pedi o arroz com mariscos, muito bom, com fartura de
camarões e mexilhões. Dava para duas pessoas, talvez três. Ao meu lado, um
casal pediu dois cebiches. Não precisava. Uma porção daria tranquilamente para
ambos.
Fiquei babando pelos chicharrones de calamares (lulas dorê),
servidos com batata frita e salada, e curioso para provar o "leche de
tigre", que a garçonete definiu como "o suco do cebiche".
As garçonetes são simpáticas, mas não falam português e não
parecem fazer muito esforço para aprender. Ir ao local é uma boa oportunidade
de exercitar seu portunhol. Um dos donos me disse que, no fim de semana, o lugar fica
cheio de famílias, se deliciando com o "caldo de pollo" e a
"jalea de pescado".
Como as porções são grandes, o ideal é ir com amigos e pedir
pratos variados.
Mas só volto lá no fim de semana. Porque retornar ao
trabalho depois de comer um "lomo saltado" não é para qualquer um
(rua Aurora, 451, tel. 0/xx/11/3361-2400).
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