domingo, 3 de setembro de 2023

Hanami, confeitaria japonesa, fecha as portas na zona leste de SP

O chef-confeiteiro Cesar Yukio vai fechar a sua confeitaria no Tatuapé, após três anos de funcionamento na zona leste de São Paulo. O espaço recebe clientes até este sábado, 2 de setembro. Após a data, os doces de inspiração japonesapodem ser pedidos apenas por delivery.

A Hanami vai virar uma cozinha central da produção de Yukio, que também assina o cardápio de sobremesas de restaurantes da cidade, como Kinoshita, Jojo Ramen, Eat Asia e Hirá Ramen Izakaya.
O serviço de delivery será ampliado, e pedidos podem ser feitos pelos aplicativos iFood, Gurmit e Vou de Nekô, pelo site e pelo WhatsApp. As entregas são feitas em toda a cidade de São Paulo.

Com a mudança, Yukio se dedica às aulas e cursos de confeitaria que oferece. Por enquanto, não há previsão de abrir um novo espaço físico da Hanami.

A casa é especializada na yogashi, confeitaria japonesa que é uma adaptação da pâtisserie internacional ao paladar japonês, que resulta em sobremesas leves, delicadas e com menos açúcar.

Entre as opções do menu estão o bolo de massa chiffon com musse de yuzu (fruta cítrica) coberto com merengue queimado e o pavê de musse de matchá coberto com chocolate ruby e coco. Virou clássico da casa o ichigo shortcake, bolo de massa chiffon coberto e recheado com chantili e morango.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

No lámen mais antigo da Liberdade, a fila nunca acaba (e você vai esperar)

Em São Paulo desde 2000, Aska Lamen preza por receita tradicional, bom preço e rotatividade

O local é fácil de acessar: basta virar à direita e descer três quarteirões após sair do metrô Liberdade. O horário de funcionamento é cravado: de terça a domingo; no almoço começando às 11h e, no jantar, às 18h. Mas a verdade é que não importa como ou o quão cedo você vai chegar –as filas do Aska Lamen, a casa de lámen mais tradicional e antiga de São Paulo, vão sempre estar por lá.

É fácil distinguir se está no local certo: basta ver o apinhado de gente se formando na calçada, em frente ao toldo azul, no térreo de um prédio pichado. Um por um, os clientes chegam e vão deixando o nome na lista –a entrada, ali, é por ordem de chegada. A vez é anunciada via gogó pelo funcionário: "Luiz. Luiz. Luiiiz". E se Luiz não responde, perde a vez para José. Que antecede Maria, e por aí vai.

Os clientes, muitos habituês, parecem não se importar em esperar para comer alguma das receitas que vigoram há 23 anos no cardápio. "Antes ficava em pé. Agora, já venho preparada e não tem mais problema", relata Ana Santos, 54, que retirou da bolsa-sacola um banquinho portátil. Da mesma bolsa saiu o livro que ela lia tranquilamente enquanto aguardava o "Anaaa" ser entoado.

O cardápio do Aska, que pode ser acessado pelo celular enquanto se espera, também é enfático: "favor desocupar e ceder o seu lugar para o próximo cliente". Afinal, caldo fumegante, macarrão de produção caseira e empatia com o próximo da fila são os temperos do restaurante –que traz, além de tudo, o adicional de ter um dos preços mais atrativos da cidade (as tigelas custam em torno de R$ 30).

É claro que todo sucesso se deve também à tradição e à memória de Takeshi Ito, fundador da casa, que morreu em fevereiro, aos 80 anos. Discreto, não gostava de dar entrevistas, e falou uma única vez a Jo Takahashi, autor do livro "Ramen/Lámen".

A ele, Ito confessou que se mudou do Japão para o Brasil ainda jovem, mas que só após se aposentar concretizou o sonho de ter um restaurante. E que, "para não errar", copiou a receita do macarrão ensopado de um estágio que fez na terra natal. Arriscou abrir em São Paulo o restaurante de lámen –isso no começo dos anos 2000, quando o boom por aqui era de sushis, sashimis e seus correlatos.

A casa vingou e permanece disputada. A prova são as filas, o salão sempre cheio e os rostos avermelhados após sorver tigelas de missô, shoyu e shiô escaldantes (e divinamente temperados). Pinçados pelos hashis, fios de macarrão caseiro e fatias de carne de porco macia desaparecem no meio dos lábios.

E aí não importa o tempo de espera, o "coma e saia" do cardápio e nem o aviso carinhosamente chato do garçom (que, aos finais de semana, solicita que o pedido da cozinha seja realizado de uma vez, sem direito a repeteco, para agilizar o atendimento). Afinal, no lámen mais tradicional da Liberdade, a rotatividade é a chave.

Os clientes vão, mas eles voltam. Sem muitos rodeios.

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Aska Lamen. Rua Galvão Bueno, 466, Liberdade. Terça a domingo, das 11h às 14h e das 18h às 21h. Fecha no último domingo do mês. Pagamento em dinheiro ou Pix.